No filme, existem duas personagens com o dom da magia: Dr. Facilier, o vilão que usa vodu para ganhos pessoais, e Mama Odie, uma mulher velha e cega, que aconselha Tiana e Naveen - enquanto, apesar de ser mencionada brevemente, apenas uma bruxa figura no conto original dos irmãos Grimm. O Dr. Facilier pode ser relacionado a essa bruxa, que transforma o príncipe em sapo. Mas e a Mama Odie? Podemos dizer que Mama Odie é uma versão da tradicional fada madrinha adaptada para o cenário do Bayou. De acordo com o site IMDB (Internet Movie Database)[1], a personagem foi inspirada em Coleen Salley, autora e professora na Universidade de Nova Orleans. Até a voz da personagem é parecida com a voz da falecida autora. No entanto, Coleen Salley era branca, e Mama Odie é negra, o que gerou desconforto para muitos.

Coleen Salley

Além disso, alguns consideram a personagem uma caricatura racista, pois lembra o estereótipo “mammy”:

Aunt Jemima, marca da Quaker Oats Company, ilustra bem o estereótipo da mammy: mulher negra, vestida de branco, que cria os filhos dos patrões e cozinha. 

Mama Odie

Mas, para outros, Mama Odie remete às equedes, do Candomblé: mulheres “escolhidas" pelas Divindades, para zelar por elas e pelo Sacerdote da Casa. São pessoas de grande importância na estrutura religiosa da comunidade, admiradas por todos.”[2]  A equede é uma figura materna, que aconselha e ajuda. Diferentemente de Dr. Facilier, Mama Odie não usa vodu ou, diferentemente da tradicional fada madrinha, magia, para ajudar os protagonistas. Em vez disso, ela os aconselha e direciona. Em outros contos de fadas e suas adaptações pela Disney, vemos que são as fadas madrinhas que ajudam as princesas usando magia, transformando trapos num luxuoso vestido e uma abóbora em carruagem. São figuras maternas que acolhem.

[1] http://www.imdb.com/title/tt0780521/trivia?ref_=tt_trv_trv

[2] http://omidewa.com.br/public_html/arquivos/893